Único templo dedicado a Ogum no país é tombado como patrimônio cultural de Salvador

‘Casa-de-Ogun-e-reconhecida-como-patrimonio-cultural-de-Salvador-20220610-678x381-1.jpg

A Casa de Ogun, localizada no bairro do Candeal, em Salvador, único templo registrado no Brasil exclusivamente dedicado ao orixá, foi tombado como patrimônio cultural da capital baiana. A cerimônia aconteceu nesta segunda-feira (13/6) e serviu para preservar e oficializar o templo como bem de valor histórico, cultural e arquitetônico da cidade.

Fundado no século 19 pela sacerdotisa nigeriana Josefa de Santana, o espaço faz parte da história da comunidade do Candeal e o tombamento garante que os ritos e atividades sejam preservados e transferidos para outras gerações. “Este espaço sagrado está presente na memória local. Ogum é padroeiro do Candeal. E a memória do bairro se vincula à trajetória dessa família de africanos”, explicou Milena Tavares, diretora de patrimônio da Fundação Gregório de Mattos, órgão responsável pelo tombamento.

O processo teve início depois de um ato de intolerância sofrido em 2015. O presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro, acrescentou que o tombamento vai servir para que as tradições religiosas sejam preservadas, principalmente em meio aos atos recorrentes. “É um conjunto único de saberes e fazeres, de tradição ancestral, que precisa ser preservado. E que nas últimas décadas vem sendo ameaçado pela especulação imobiliária, pela intolerância que persiste em correr o tecido da nossa sociedade”, disse.

A historiadora Lisa Castillo é estudiosa na etnografia e histórias de vida de africanos libertos que voltaram para a África, com destaque para os que fundaram os terreiros de candomblé mais antigos da Bahia. Ela conheceu a história do espaço através de um documentário e, de acordo com seus estudos, a Casa de Ogun pode ser considerado muito mais do que um templo religioso. “O interessante deste assentamento de Ogum é que não é exatamente uma casa de candomblé. É um assentamento familiar que foi mantido ao longo de 200 anos”, comentou.

O tombamento faz parte do “Salvador Memória Viva”, programa de atividades de proteção e estímulo à preservação dos bens materiais e imateriais do município desenvolvido pela prefeitura de Salvador, contemplado por lei municipal que institui normas de proteção e estímulo à preservação do patrimônio cultural da cidade.

scroll to top